Ahhhhhhhhh Niele! Onde foi que te enfiaste???
Tenho tantas saudades tuas...
O que foi que fizeste de teu caminho?
Por que deixou-se apagar?
Por que deixou que colocassem uma Giana em teu caminho?
Aliás, por que que nem bateste os pés???
Por que calaste?!
Tenho saudades de te ver correndo com os pés descalços pela rua,
das tuas barragens de barro e mangueiras velhas.
Lembras das tuas descobertas?
Eu lembro delas e com muita dor, posso te afirmar.
Não tens saudade das poças cheias de lama e das calças cheias
de lama das poças?
E da bicicleta amarela? Lembras que a empurrava até o alto do moro
pra poder descer, primeiramente, sem ter que pedalar; e depois, pra descer mais
rápido e encher teus cabelos de nós?
Lembra dos teus olhos pidões, da tua malandragem, dos teus olhos convincentes?
Lembra que todos queriam que seus filhos fossem lindos como tu eras?
Continuas linda Niele!
E os shows, que obrigava os outros escutarem, nos depósitos de garrafas?
E a música do papagaio, tão famosa no jardim, ainda cantas?
Não, eu sei que não!
E das tuas fugidas, das tuas certezas, da sensação que tu eras a dona do mundo?
E as brincadeiras, as feições, os carinhos...., ainda és assim?
Não, eu sei que não és.
Eu não entendo porque.
Tinhas tudo nas mãos. O mundo!
Por quais frestas que o deixaste escapar?
Não tens vontade de tirar Giana de cima de ti?
Então por que não a tira?
É eu sei. O mundo é mesmo doloroso.
Giana te serve como escudo não é?
Tens razão, é cruel, dolorido habitar o mundo.
Aí onde estás é apertado mas é muito melhor que esse mundo louco.
Não queres ir ao Tibet??
Sim, uma monge tibetana!
Quem dera mesmo...
Nem sei mais o que te dizer/perguntar.
No fim me convenceste.
Teu casulo é o melhor lugar do mundo.
Não-sei-quem.
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