Este blog é para aqueles que, como eu, sempre que viajam de ônibus, carro, avião, jegue ou seja lá o que for, sempre aproveitam esse tempo para pensar, refletir sobre a vida ou mesmo distrair-se para o tempo passar mais rápido!! Boa viagem!!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Intervenção cirurgica.



Procura-se um médico. Não qualquer um. Precisa ser corajoso, piedoso, competente, audacioso, louco....
A iniciativa é para a realização de uma cirurgia e, esta, é de caráter de emergência, desesperado e inovador.
Tenho um problema sério: um de meus aparelhos psíquicos é superdesenvolvido: o SUPEREGO. A proporção de seu contínuo crescimento se compara ao de cozimento de chocolate quente: você precisa de um recepiente duas vezes maior que o ocupado pelo leite, porque a medida que cozinha, o "bicho" cresce de um jeito que se você não estiver esperta ele transborda e acaba com seu fogão!
Como não existe nenhum tipo de experiência nesse tipo de cirurgia, eu mesma delimitei as informações sobre os procedimentos a serem tomados:
-> O superego deverá ser retirado rapidamente, pois o mesmo pode obrigar os outros dois aparelhos psíquicos a defendê-lo;
-> O "excesso" de superego deverá ser incinerado logo após a retirada; impossibilitando, assim, que possa ser reconstituído, mesmo em situações desesperadoras ou por ordem da família.
Acredito que esta intervenção cirurgica resolverá a maioria dos meus problemas, visto que minhas complicações são causadas pelo aprisionamento do ID, controle do EGO e dominância do SUPEREGO.
Assim passarão as dores de garganta (por engolir o que não deveria), as dores nas costas (de ficar deitada ou sentada en frente à TV, ao invés de obedecer o ID e sair pelas ruas), as dores de cabeça (pela pulsão da vida que tenta sair)e os tremores involuntários (pelo ressentimento preso).
Peço ainda que quando acordar da cirurgia, já esteja instalada numa casa, num lugar retirado, no Tibet de preferência. Se o Superego for retirado completamente então que me mandem ao México!! O motivo? Poderia desenvolver denovo um SUPEREGO frente aos olhares reprovadores ocasionados pelo SUPEREGO dos outros.
Responsabilizo-me por qualquer ocorrência durante a intervenção cirurgica. Não tenho medo de morrer, pois a morte só não é instalada em nível físico, o psíquico foi-se a muito tempo.
Senhores médicos, por favor, sejam humanos. Tenham piedade de uma rélis humana que sofre. LIbertem-me de mim mesma!!

( Texto produzido no 4º período da facul de psico, numa aula de Psicodiagnóstico).

Giana Prevedello Otto

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